Há alguns dias comentei para dois veículos sobre o dispositivo legal que passa a proibir o uso de celular nas salas de aulas das escolas públicas sem orientação do professor. A Lei foi promulgada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e o projeto foi de autoria do deputado Hermano Morais. Um dos repórteres me indagou: professora, estamos bem perto do início do ano letivo, como a senhora vê a aplicação da lei sem o devido planejamento em um prazo tão curto? Ora, como toda norma, essa Lei vai precisar ser divulgada e discutida em casa e na Escola. Será necessário o público escolar compreender os limites previstos para se adequar. E olha, não acredito que se alcance resultados de uma hora para outra, até porque estamos educando uma geração que nasceu e se desenvolve imersa no digital. Até mesmo muitos pais e professores extrapolam os limites no uso do celular em ocasiões inapropriadas.

A aplicação da norma vai envolver um processo de reeducação, um detox digital, especialmente entre os jovens. Acredito bem mais nos efeitos de construir e gerenciar regras para que não se deixe de usufruir as muitas possibilidades de aprendizagem com o uso desse equipamento. Tudo que é proibido remete a criança e o jovem a se lançar ao desafio de transgredir.

Quase sempre as leis nascem da nossa dificuldade de estabelecermos limites na vida em sociedade, algumas “pegam” e outras viram letras mortas. Essa que proíbe o uso do celular nas escolas decorre da crise de se definir regras, estabelecer limites e educar para que, desde cedo, se cumpra o quadro de direitos e deveres do estudante, do professor… Sim, porque não são apenas as crianças e os jovens que usam celular na sala de aula para fins não pedagógicos. Convém refletirmos. Lamento que seja preciso uma Lei para “educar”. 

Alguns especialistas e estudiosos no tema apontam que o uso do celular, caso haja um certo controle e supervisão, pode ser uma medida atrativa aos alunos e um método didático diferenciado. Tenho total concordância. Quando compreendido que, em sala de aula, todas as ações e interações precisam ter finalidades pedagógicas, o celular pode ser um importante aliado para o acesso a informações por meio da pesquisa instantânea de temas e conteúdos que estejam sendo trabalhados. Mas isso requer professores preparados para explorar essa ferramenta e oxigenar os processos de ensino e aprendizagem. 

Finalmente, há incontáveis possibilidades de uso positivo do celular em sala de aula, afinal o acesso não se restringe ao uso de aplicativos de mensagens e redes sociais. Por meio do celular pode se buscar informações 24h/dia. É uma questão de orientar para o uso. Não estou aqui dizendo para deixar livre, mas para fazer uso de forma inteligente.

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